sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Beleza, você

Beleza, você!
Carlos Ferreira

Onde vejo beleza, vejo você
Na rosa da primavera
No arco-íris pós-tempestade
No sol que desponta trazendo o dia
No oceano azul e infinito
No barulho das ondas no encontro com as rochas
No som dos pássaros no meio da mata
Na canção de Luanda
No abraço forte e verdadeiro
No cheiro carinhoso
No beijo carregado de amor
No simples sorriso de criança
No orvalho que atinge a folha verde e límpida
Onde vejo beleza, vejo você.

O samba da minha vida


O samba da minha vida
Carlos Ferreira

O samba da minha vida
Lembra a simples batucada
Uma melodia entoada
do fundo do coração
Um sentimento verdadeiro
Vivido no terreiro
Na terra batida do chão

O samba da minha vida
Vem carregado de lamentação
Chorado pelos negros na embarcação

Representa a saudade não saciada na escravidão
E a perda da identidade ao deixar sua nação
Faz-me sonhar com Palmares
Leva-me a guerrear pelos mares
Na defesa dos nossos irmãos

domingo, 1 de julho de 2012

Quero um Samba

Quero um samba
Carlos Ferreira

Quero um samba pra cantar
Quero um samba pra tocar
Quero um samba pra chorar
Quero um samba pra sambar

Quero um samba pra esquecer
Quero um samba pra viver
Quero um samba pra renascer
Quero um samba pra morrer

Quero um samba pra ouvir
Quero um samba pra sorrir
Quero um samba pra dormir
Quero um samba pra sentir

Quero um samba pra sonhar
Quero um samba pra lembrar
Quero um samba pra beijar
Quero um samba pra amar

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Querido Sambista

Da mistura de ritmos africanos nasci
E no século 19, na Bahia surgi
Cheguei ao Rio e raiz criei
E com batuques e melodias me formei

Pouco tempo depois de nascido
Por ser ligado à cultura negra fui perseguido
Vencida a batalha da discriminação
No rádio tive o momento de ascensão
Tornando-me em seguida produto de exportação

Fui esquecido com a chegada da música americana
Fica o povo lutador, parte a elite bacana
Resisto bravamente com meu povo
Levando a cada esquina o batuque de novo

Relembro os pagodes na Tia Ciata
De onde extraíram minha nata
De onde pelo telefone Donga gravou
De onde Pixinguinha pela flauta chorou
De onde João da Baiana o prato tocou

Fiz minha história no morro e no asfalto
Sou gafieira, sou terreiro e partido-alto
Sou enredo, sou canção,
Sou de breque e exaltação,
Sou de roda, sou raiado,
Sou batido e rasgado

Sambista,
Defenda a bandeira desse ritmo verdadeiro
Mantendo a humildade dentro e fora do terreiro
Deixando a vaidade longe de mim
Para que todos vejam que mesmo simples assim
Carrego a emoção e uma verdade natural
Que inspira meu povo e me faz imortal