quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Querido Sambista

Da mistura de ritmos africanos nasci
E no século 19, na Bahia surgi
Cheguei ao Rio e raiz criei
E com batuques e melodias me formei

Pouco tempo depois de nascido
Por ser ligado à cultura negra fui perseguido
Vencida a batalha da discriminação
No rádio tive o momento de ascensão
Tornando-me em seguida produto de exportação

Fui esquecido com a chegada da música americana
Fica o povo lutador, parte a elite bacana
Resisto bravamente com meu povo
Levando a cada esquina o batuque de novo

Relembro os pagodes na Tia Ciata
De onde extraíram minha nata
De onde pelo telefone Donga gravou
De onde Pixinguinha pela flauta chorou
De onde João da Baiana o prato tocou

Fiz minha história no morro e no asfalto
Sou gafieira, sou terreiro e partido-alto
Sou enredo, sou canção,
Sou de breque e exaltação,
Sou de roda, sou raiado,
Sou batido e rasgado

Sambista,
Defenda a bandeira desse ritmo verdadeiro
Mantendo a humildade dentro e fora do terreiro
Deixando a vaidade longe de mim
Para que todos vejam que mesmo simples assim
Carrego a emoção e uma verdade natural
Que inspira meu povo e me faz imortal

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